Ao longo dos últimos 15 anos em que tenho trabalhado no mercado da consultoria de futuro, tendências e inovação estratégica, tomei contacto com diversas metodologias e abordagens ao tema. Umas mais integradas e complexas, outras mais simples e até lineares, todas relevantes dependendo dos objetivos, prazos e orçamentos a que se propõem os projetos.
No entanto, uma coisa tem ficado cada dia mais clara. A inovação resulta muito mais de um trabalho de cultura do que da mera aplicação de ferramentas. Erradamente pensamos que basta criar uma plataforma ou intranet de ideias, formar as pessoas e pensar que assim nascerá um processo de inovação na empesa. Tantas empresas e profissionais (e até professores) têm sido erradamente envolvidos na vertente puramente processual e técnica da inovação, sem considerar a vertente cultural da mesma.
Uma cultura e uma filosofia de inovação cumprem sempre quatro requisitos:
- Construção do MindSet de Inovação – considera uma visão prospetiva do futuro e comportamental das tendências que mais afetam ou podem afetar a empesa. Aqui a utilização de mapas de prospetiva, de linhas temporais para o negócio e de metodologias de coolhunting e pesquisa de tendências comportamentais despertam as pessoas para o futuro e para o que pode ser oportunidade ou ameaça no curto, médio ou longo prazo.
- Competências de Inovação – considera-se uma análise às competências de cada colaborador (técnicas, comportamentais e de gestão) com o consequente desenvolvimento das menos fortes em cada pessoa integrante da equipa de inovação. Esta fase permite alinhar todos os participantes pelo mesmo nível de performance desejada com foco na inovação.
- Processo de Inovação – é o momento de desenvolver as ferramentas, plataformas e metodologias de criação, avaliação e implementação das ideias geradas na empresa com foco inovador. Requer a definição de uma equipa de avaliação, de um processo de premiação e controlo da implementação. Convém lembrar, como já escrito atrás num dos artigos, que a inovação não existe apenas para desenvolver produtos e serviços. Serve para isso, mas também para olhar modelos de negócio, processos produtivos, otimizar performances, etc.
- Agenda de Inovação – não chega despoletar o processo sem lhe dar uma determinada perenidade e consistência. Mensalmente, trimestralmente, semestralmente (dependendo do nível de envolvimento da empresa no projeto) deve ser dada relevância e visibilidade ao trabalho desenvolvido pelo projeto. Seja por produção de relatórios ou apresentações, a empresa precisa ver o que está a acontecer com o projeto.
Pensar que uma plataforma, uma intranet ou um workshop constroem culturas inovadoras e resolvem os problemas das empresas é de uma miopia extrema. Infelizmente, tenho encontrado ainda muitas empresas com esse tipo de problema.
Inovação são Ideias Novas em Ação e, como tal, é fundamental não apenas motivar todos para a construção de ideias (Ideation) como estruturar pensamento e modo de atuação para que as ideias gerem resultados.
A inovação é, sem dúvida, o que permitirá a sobrevivência das empresas no curto prazo.