Por Luís Rasquilha

Porque é que a inovação não é apenas uma ferramenta?

CEO da Inova TrendsInnovation Ecosystem (Research, Consulting, Business School, Online, Club)
E-Formador do Master em Gestão da Inovação ANJE/INOVA Business School

Ao longo dos últimos 15 anos em que tenho trabalhado no mercado da consultoria de futuro, tendências e inovação estratégica, tomei contacto com diversas metodologias e abordagens ao tema. Umas mais integradas e complexas, outras mais simples e até lineares, todas relevantes dependendo dos objetivos, prazos e orçamentos a que se propõem os projetos.

No entanto, uma coisa tem ficado cada dia mais clara. A inovação resulta muito mais de um trabalho de cultura do que da mera aplicação de ferramentas. Erradamente pensamos que basta criar uma plataforma ou intranet de ideias, formar as pessoas e pensar que assim nascerá um processo de inovação na empesa. Tantas empresas e profissionais (e até professores) têm sido erradamente envolvidos na vertente puramente processual e técnica da inovação, sem considerar a vertente cultural da mesma.

Uma cultura e uma filosofia de inovação cumprem sempre quatro requisitos:

  1. Construção do MindSet de Inovação – considera uma visão prospetiva do futuro e comportamental das tendências que mais afetam ou podem afetar a empesa. Aqui a utilização de mapas de prospetiva, de linhas temporais para o negócio e de metodologias de coolhunting e pesquisa de tendências comportamentais despertam as pessoas para o futuro e para o que pode ser oportunidade ou ameaça no curto, médio ou longo prazo.
  2. Competências de Inovação – considera-se uma análise às competências de cada colaborador (técnicas, comportamentais e de gestão) com o consequente desenvolvimento das menos fortes em cada pessoa integrante da equipa de inovação. Esta fase permite alinhar todos os participantes pelo mesmo nível de performance desejada com foco na inovação.
  3. Processo de Inovação – é o momento de desenvolver as ferramentas, plataformas e metodologias de criação, avaliação e implementação das ideias geradas na empresa com foco inovador. Requer a definição de uma equipa de avaliação, de um processo de premiação e controlo da implementação. Convém lembrar, como já escrito atrás num dos artigos, que a inovação não existe apenas para desenvolver produtos e serviços. Serve para isso, mas também para olhar modelos de negócio, processos produtivos, otimizar performances, etc.
  4. Agenda de Inovação – não chega despoletar o processo sem lhe dar uma determinada perenidade e consistência. Mensalmente, trimestralmente, semestralmente (dependendo do nível de envolvimento da empresa no projeto) deve ser dada relevância e visibilidade ao trabalho desenvolvido pelo projeto. Seja por produção de relatórios ou apresentações, a empresa precisa ver o que está a acontecer com o projeto.

Pensar que uma plataforma, uma intranet ou um workshop constroem culturas inovadoras e resolvem os problemas das empresas é de uma miopia extrema. Infelizmente, tenho encontrado ainda muitas empresas com esse tipo de problema.

Inovação são Ideias Novas em Ação e, como tal, é fundamental não apenas motivar todos para a construção de ideias (Ideation) como estruturar pensamento e modo de atuação para que as ideias gerem resultados.

A inovação é, sem dúvida, o que permitirá a sobrevivência das empresas no curto prazo.

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