O excesso de reuniões é um mal que já nos assolava no nosso trabalho, mas com estas a terem lugar online o problema agravou-se. Se antes já não nos sentíamos energizados por uma reunião, agora sentimo-nos exaustos. Se antes não nos sentíamos inspirados, agora sentimos um torpor quase semelhante a congelamento. Não são as reuniões em si, mas sim o tédio, a tensão, a pouca inspiração para contribuir de forma decisiva que nos fazem querer evitá-las.
Por outro lado, se há muito que conhecemos as ferramentas de comunicação que hoje mais utilizamos, só agora existe um interesse generalizado. Antes, o pressuposto era a presença e tais ferramentas eram desnecessárias e penosas. Agora, assume-se a ausência e tais ferramentas são necessárias — mas a dor continua.
Para tornar a nossa forma de comunicar mais agradável, atraente e que crie curiosidade e interesse em quem nos ouve, precisamos de compreender que comunicar depende de conseguirmos criar uma ligação com os nossos interlocutores. Só assim a mensagem será bem acolhida e compreendida. Trata-se de sermos capazes de ultrapassar barreiras com recurso à nossa naturalidade e proximidade humana.
Existem diversas formas de melhorar a comunicação online.
Para compensar a “perda de energia” sentida em reuniões online devemos aumentar o nosso sentido de dinamismo e entusiasmo. Desta forma, seremos capazes de captar a atenção dos nossos interlocutores e criar interesse pela nossa mensagem. Se soubermos entreter sem perder de vista os objetivos e conteúdos, seremos certamente bem-sucedidos neste aspeto.
Devemos recuperar a noção de contacto visual em situações online. Presencialmente, ninguém tem dúvidas do que isto significa, mas online esquecemo-nos que, ao olhar para os nossos ecrãs, não estamos a estabelecer esse contacto e é mais difícil criar uma relação de confiança e proximidade com alguém que está sempre a olhar noutra direção.
Por fim, temos de dar oportunidade para a intervenção das outras pessoas sem o custo da interrupção forçada. Sem a possibilidade de intervir, as reuniões tornam-se numa fonte de frustração, tédio e desinteresse. Se pedirmos contributos de forma natural e ouvirmos as pessoas e as levarmos em conta, elas sentir-se-ão respeitadas e apreciadas e isso fará com que participem com gosto e motivação, resultando em contributos de qualidade.
Estas formas de melhorar a nossa comunicação online não são de todo diferentes de algumas das principais recomendações na comunicação interpessoal em presença física. Tal não deve constituir uma surpresa já que, independentemente do canal e das ferramentas de comunicação utilizadas, os princípios são os mesmos.
Mais importante do que conhecer estes princípios é colocá-los em prática. Sentir e fazer, e não apenas saber, é onde se notará a diferença.